Saturday, March 11, 2006

03 - A arquitectura

Ponham-na lá do lado do Passivo.
Um edifício frio, uns corredores desolados. Foi assim que os senti. Depois um espaço para andebol e umas oficinas prenunciando a fábrica. E um ginásio, coisa que ainda hoje há escolas que não têm.
O Ciclo Preparatório era nuns barracões provisórios que duraram muitos anos.
A gente sabe que as escolas no Estado Novo (aliás qualquer edifício público, de Escola a Tribunal) eram assim. As instituições eram materializadas em edifícios e estes deviam demonstrar à saciedade a irrelevância do indivíduo face ao Estado. Mas décadas depois conheci outras escolas, bem mais novas, onde muitos destes erros estavam repetidos ou mesmo ampliados: Sem sítio para se conversar, escrever, ler.... Apenas salas de aulas e espaços incaracterísticos.
O Winston Churchill disse um dia que nós fazemos as ruas e as ruas fazem-nos a nós (big deal!), querendo com isto dizer que o meio que criamos acaba por nos condicionar. No caso da Emídio pareceu-me deste o início que ela me seria um sítio algo alheio, não acolhedor. Coisas que se sentem. O que vale é que dois putos a conversar depressa se esquecem do sítio onde estão.
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[Ainda hoje quando por qualquer razão entro numa escola faço-me sempre a pergunta-teste que é a seguinte:«Então aqui onde é que se pode estudar, i.e., aulas à parte, onde é que se pode abrir dois livros, tirar apontamentos em silêncio, com boa iluminação, ter alguma concentração, eventualmente abrir um computador? É na Biblioteca? Há recantos próprios? É onde?»
Assunto muito sério. As escolas não devem ser meros edifícios para aulas, até porque grande parte dos alunos não tem em casa condições de estudo: Uma sala de jantar com o televisor sempre ligado ou um quarto partilhado com irmãos, às vezes uma marquise, são estas as hipóteses mais frequentes. Senhores arquitectos, senhores pedagogos, a quem interessar. Devíamos sair da escola com hábitos de estudo e não apenas com matéria dada e TPC].
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Que não se infira que não gostava da escola, de ir à escola, de andar na escola. Gostava e muito.
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Já agora: Não conta para a contabilidade desse tempo mas conta para a do presente e por isso devo dizê-lo: Fui encontrar uma Emídio limpíssima e tão arranjada quanto possível. Melhor do que no meu tempo. Até árvores novas tem. Parabéns a quem lá trabalha. Não os conheço, estou à vontade para dizer isto, aliás uma coisa destas diria na mesma.
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1 Comments:

Blogger ANTONIO MELÃO said...

Olá!
Estudei aqui de 1968 a 1973... foi bom ver a escola, os corredores...
Se calhar cruzamo-nos... António Melão

10:20 AM  

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